Controvérsias na Gestão da Saúde no Amazonas
Manaus – A recente transição da administração do Hospital 28 de Agosto e do Instituto da Mulher Dona Lindu para a Organização Social (OS) AGIR Saúde ocorreu com promessas de melhorias na qualidade do atendimento público no Amazonas. No entanto, decisões tomadas têm gerado dúvidas e desconfiança entre a população e os profissionais de saúde. Foram oficializados contratos no valor de R$ 22,7 milhões com quatro empresas de Goiás, responsáveis por gerenciar setores críticos dessas unidades de saúde.
Contradições no Compromisso com Empresas Locais
Essas contratações de empresas de fora do estado contradizem declarações do governador Wilson Lima. Em entrevistas, ele afirmou que daria “prioridade absoluta” à contratação de profissionais e empresas locais para o Complexo Hospitalar da Zona Sul (CHZS), em Manaus. No entanto, os contratos celebrados com empresas de Goiânia e Aparecida de Goiânia levantam questões sobre o compromisso do governo em valorizar a mão de obra local.
Empresas Contratadas e Valores Envolvidos
Entre as empresas contratadas, a única local, a Martins Procedimentos Cirúrgicos Ltda., recebeu um valor irrisório de R$ 30 mil para atuar no setor de oftalmologia. Este contraste é alarmante, já que o menor contrato firmado com as empresas goianas supera em mais de 13.999% o valor destinado à empresa amazonense.
Documentação Contratual
Veja os documentos:
Desvio de Recursos e Desapontamento
A discrepância entre o discurso oficial e a prática do governo é evidente. Enquanto Wilson Lima destaca a importância de incentivar a contratação de profissionais locais, milhões de reais são alocados para empresas de outros estados. O Governo do Amazonas parece não reconhecer a capacidade das empresas locais em gerir setores críticos como UTI, ortopedia e clínica geral, optando por enviar recursos para fora, o que contraria as declarações públicas do governador.
Essa situação não apenas enfraquece a credibilidade do governo estadual, mas também intensifica a sensação de desamparo entre os profissionais de saúde do Amazonas. Eles sentem que seu trabalho é desvalorizado enquanto empresas de fora se beneficiam de recursos significativos. O anúncio das contratações ocorre em um momento de crise na saúde pública estadual, onde a falta de recursos e o sucateamento das unidades de saúde comprometem a qualidade do atendimento e geram descontentamento.
O Compromisso do Governo
O grande questionamento é: onde está o compromisso de Wilson Lima com a valorização dos profissionais locais, como ele afirmou em seus discursos? Por que destinar milhões para empresas de outros estados quando o Amazonas tem empresas capacitadas para executar esses serviços com qualidade e, certamente, com maior comprometimento com a realidade local?
Tentamos obter esclarecimentos com a Secretaria de Estado de Saúde, mas ainda não recebemos resposta. Enquanto isso, a população e os profissionais de saúde aguardam explicações e, mais importante, ações concretas para que a saúde no Amazonas, especialmente em Manaus, seja tratada com seriedade e compromisso com quem realmente importa: o povo amazonense.
