No Brasil, a empresa JBS, líder mundial na produção de proteína animal, marcou um novo capítulo em sua história ao anunciar o retorno dos irmãos Wesley e Joesley Batista ao conselho de administração. Após um hiato que teve início em 2017, desencadeado pela delação premiada que implicou o então presidente Michel Temer, essa reintegração vem marcar um momento significativo para os empresários. Sócios na J&F, conglomerado que exerce o controle da JBS, eles haviam se afastado das funções principais na gestão da empresa em meio ao turbilhão provocado pelo caso.
Recuperando espaço e ntvidade no cenário corporativo, os irmãos evidenciam um avanço significativo em outubro de 2023, quando a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) os absolveu de acusações de insider trading que pesavam contra eles. Essas alegações centravam-se na suspeita de aproveitamento de informações privilegiadas em operações de mercado, particularmente em função do vazamento da delação de Joesley, ligado à Operação Lava Jato. A investigação deteve-se sobre a possibilidade de os Batistas terem lucrado negociando dólares e ações da J&F sob circunstâncias questionáveis.
Apesar do afastamento do comando da JBS desde o escândalo que envolveu a alta política nacional, os irmãos encontraram um refúgio estratégico assumindo posições no conselho de administração da Pilgrim’s Pride, uma das subsidiárias norte-americanas da JBS, com foco na exportação de carne de frango. Esse movimento marcou o início de uma retomada gradual aos holofotes do empresariado.
Designados para um retorno oficial mediante uma assembleia-geral ordinária prevista para 26 de abril, os Batistas verão seu nome novamente associado às decisões estratégicas da JBS. Nessa assembleia, também serão divulgadas as demonstrações financeiras referentes ao último exercício, encerrado em 31 de dezembro do ano anterior.
A Folha de S.Paulo trouxe à tona que a justificativa para a indicação dos irmãos ao conselho se baseia em uma trajetória recente sem condenações criminais ou administrativas significativas por parte de órgãos reguladores, delineando um cenário que permitiu essa movimentação estratégica.
Embora tenha reconhecido violações em leis anticorrupção dos Estados Unidos e firmado um acordo de leniência em 2020, no contexto da Operação Greenfield, a JBS e sua controladora, a J&F, tiveram um alívio no final do ano passado quando o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), os liberou da obrigação de pagar uma multa bilionária.
Ainda sobre o histórico recente dos Batistas, ressalta-se a denúncia feita em 2020 pelo Ministério Público Federal (MPF), envolvendo um esquema de corrupção no Mato Grosso do Sul. Os irmãos foram acusados de pagar propinas milionárias em troca de benefícios fiscais para a JBS, num caso que também envolveu figuras políticas regionais, delineando um intrincado quadro de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa entre 2014 e 2016.
Essa miríade de acontecimentos configura um panorama complexo, onde a reintegração dos irmãos Batista ao conselho da JBS não é apenas um fato isolado, mas um acontecimento que resulta de e reflete profundas transformações na governança corporativa e na intersecção entre o poder empresarial e político no Brasil.