Por todo o continente norte-americano, em um espetáculo raramente presenciado, uma enxurrada de emoções tomou conta das pessoas à medida que o dia se transformava em noite devido ao primeiro eclipse solar total em sete anos, nesta segunda-feira. Multidões, abarcando de um pitoresco resort mexicano a locais icônicos como as Cataratas do Niágara, celebraram este momento astronômico com uma mistura de euforia, músicas, e até mesmo uniões matrimoniais sob a sombra do evento celeste.
Em particular, Russellville, uma cidadezinha do Arkansas de aproximadamente 30.000 habitantes situada perto da singular usina nuclear do estado, foi cenário para quase 400 pares que decidiram eternizar seu amor através de um casamento coletivo intitulado “Elope e o Eclipse”. Em meio ao cenário dramático das Cataratas do Niágara, apesar de um céu encoberto por nuvens, as esperanças não se esvaíram. O momento aguardado mais ansiosamente iluminou-se quando as nuvens concederam uma trégua para revelar os derradeiros segundos do eclipse, desencadeando uma avalanche de aplausos e gritos entusiasmados entre as cerca de 2.000 almas reunidas, que também testemunharam pelo menos dois casamentos e um pedido de mão em casamento.
No decorrer do eclipse, uma banda marcou o momento em que a lua começou a se descolar do sol, interpretando “Man on the Moon”, um dos sucessos da banda R.E.M. de 1992, sincronizado com o gradual retorno à luminosidade. Para aqueles afortunados por um céu limpo, o fenômeno ofereceu o deslumbrante vislumbre de uma esfera negra – a lua – deslocando-se lentamente diante do sol, deixando visível apenas a deslumbrante coroa solar que emoldura a silhueta lunar.
A mexicana Mazatlán, uma estância turística costeira, foi agraciada como um dos primeiros pontos de observação. Lá, uma multidão empolgada, protegida por óculos especiais, foi embalada pelos acordes da trilha sonora de “Guerra nas Estrelas” tocada por uma orquestra, à medida que a escuridão da noite temporária avançava sobre eles. A totalidade, que, dependendo da localização, se prolongou por até 4,5 minutos, não foi apenas acompanhada pelo ofuscamento celeste mas também por fenômenos terrestres incomuns: estrelas brilhantes ao meio-dia, uma súbita queda de temperatura e a observação de faixas de sombras ondulantes sob o crepúsculo repentinamente instalado, enquanto a fauna local mergulhava em um silêncio reflexivo.
Aficionados por eclipses vieram de terras distantes, motivados pelo desejo de testemunhar o majestoso evento ao longo do “caminho da totalidade”, que cobriu impressionantes 4.000 kms, desde a costa pacífica mexicana, atravessando áreas como o Texas e mais 14 estados dos EUA, até alcançar o Canadá. Enquanto a sombra lunar preparava-se para deixar a América do Norte via Newfoundland, um eclipse parcial foi discernível em vários locais, com o eclipse total superando em duração o evento anterior de 2017.
Uma projeção do número de espectadores revelou que aproximadamente 32 milhões de pessoas nos EUA estavam situadas diretamente no trajeto do eclipse, com expectativas de que outros cinco milhões viajassem para se imergir na sombra lunar. A transição da lua cobrindo e descobrindo o sol durou cerca de 80 minutos em cada fase, encerrando um ciclo de assombro e celebração celestial.
