O Brasil finalizou o último mês de maio enfrentando um déficit primário alarmante de R$ 60,9 bilhões, estabelecendo um novo recorde negativo para o mês desde o início dos registros pelo Tesouro Nacional em 1997, com exceção dos períodos afetados pela crise pandêmica. Essa situação vem após o governo registrar um superávit de R$ 11 bilhões em abril.
Olhando para o desempenho acumulado até o mês de maio, o déficit alcançou R$ 29,9 bilhões, apontando para o mais altos índices de endividamento para o intervalo desde 2020. Em comparação, no primeiro quadrimestre do ano anterior, o Brasil havia conseguido um superávit de R$ 1,8 bilhão, em valores nominais.
Analisando mais a fundo os resultados de maio, observou-se um aumento nas receitas do governo em 8,3%, em comparação pelo mesmo mês do ano antecedente, considerando a realidade após a ajuste pela inflação, e um crescimento ainda mais expressivo nas despesas, que subiram 14%. Durante o acumulado dos cinco primeiros meses deste ano, enquanto as receitas apresentaram uma elevação de 8,5%, os gastos saltaram para 13%.
Expandindo a análise para o período de um ano concluído em maio, o déficit do governo chegou a impressionantes R$ 268,4 bilhões, representando 2,36% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A partir de janeiro de 2024, o Tesouro Nacional deu início à divulgação da relação entre as despesas públicas e o PIB como parte de estratégias para promover a responsabilidade fiscal.
Mirando o ano de 2024, o Executivo estabeleceu dois objetivos centrais: buscar um resultado primário neutro, equivalente a 0% do PIB, com uma pequena margem de variação permitida de até 0,25 ponto percentual, além de limitar as despesas a R$ 2,089 trilhões. O Ministério do Planejamento e Orçamento, em seu Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas liberado em maio, prevê um déficit de R$ 14,5 bilhões para o ano inteiro, o que corresponde a 0,1% do PIB.
Particularizando os resultados por segmento, no mês de maio, o Tesouro Nacional, que engloba o Banco Central, teve um pequeno superávit de R$ 45 milhões e um saldo positivo acumulado de R$ 123,324 bilhões ao longo do ano. Por outro lado, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) enfrentou um déficit crítico de R$ 61,027 bilhões no mesmo mês, totalizando um déficit de R$ 153,322 bilhões nos primeiros cinco meses de 2024.
Por fim, as contas do Banco Central destacaram um superávit de R$ 129 milhões em maio, apesar de acumularem um déficit de R$ 117 milhões até então, apontando para os complexos desafios financeiros que o país continua a enfrentar.