Neste sábado, 8 de outubro, o Brasil lamenta profundamente o falecimento de uma de suas figuras mais ilustres na área da economia, Maria da Conceição Tavares, que nos deixou aos 94 anos. Destacada por suas significativas contribuições ao ramo econômico, Tavares deixa uma marca inesquecível graças ao seu profundo impacto.
Originária de Portugal, Maria da Conceição cresceu em um ambiente inundado por uma variedade de pensamentos e ideologias. Optando inicialmente pela Engenharia, em breve sua curiosidade e paixão a guiaram rumo às Ciências Matemáticas, tendo se formado em 1953. A sua trajetória notável no meio acadêmico e suas ideias inovadoras foram de grande influência para gerações de economistas no Brasil, consolidando um legado imensurável.
Em 1954, fugindo da opressão da ditadura salazarista, Tavares migrou para o Brasil, onde iniciou sua carreira no Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC) como estatística. Tornou-se brasileira através de naturalização em 1957, ano em que também marcou sua entrada para o curso de Economia da Universidade do Brasil, atualmente conhecida como Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Tavares deixou sua marca por meio de sua atuação decisiva em instâncias como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Grupo Executivo de Indústria Mecânica Pesada (Geimape), além de contribuir para a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Ali, ela interagiu e absorveu conhecimento de economistas notáveis como Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel.
Sua obra de 1972, “Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil”, destaca-se por suas análises profundas e compreensão das dinâmicas da economia brasileira ao longo das décadas.
Nos anos 80, Tavares assumiu responsabilidades como assessora econômica do PMDB e como profa no Instituto de Economia da Unicamp, instituição na qual desempenhou um papel central nos programas de pós-graduação.
A década de 90 a viu emergir como uma crítica feroz do Plano Real e adentrar a esfera política como deputada federal pelo PT no Rio de Janeiro. Em 1998, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria “Economia”, honraria que reconheceu sua contribuição inestimável ao pensamento econômico do país.
Seu legado é marcado pela forte influência sobre figuras como José Serra, Luciano Coutinho e Luiz Gonzaga Belluzzo. Tavares será sempre lembrada por seu comprometimento com a justiça social e pelo fomento do desenvolvimento econômico brasileiro.
Em uma entrevista emblemática concedida em outubro de 2018, Tavares compartilhou suas preocupações relativas ao impacto que a eleição de Bolsonaro poderia ter na economia brasileira. Seu discurso crítico direcionado às políticas econômicas da era militar e sua observação atenta às mudanças globais em matéria de política a posicionaram como uma voz de destaque na cena econômica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou homenagem à trajetória e contribuições de Maria da Conceição, reconhecendo-a como uma economista que definiu gerações por meio de seu compromisso com o desenvolvimento e justiça social. Através de uma postagem dedicada em sua conta no Instagram, Lula enalteceu os feitos e o legado deixado por Tavares, lembrando suas ações enquanto educadora e figura política.
A história e realizações de Maria da Conceição Tavares seguem vivas não apenas através das lembranças mas também nas valiosas lições deixadas para a economia e sociedade brasileiras. Seu legado, indubitavelmente, continuará inspirando novas gerações muito além do nosso tempo atual.